Anselmo e a Fé
Acredito que Anselmo tenha deixado
claro uma coisa em sua argumentação que é a seguinte:
‘Particularmente as conclusões de
Proslogion III e IV enfatizam o ponto de que a procedimento dialético é uma
questão de “inteligência” – intelligere –, e não de fé’
Perceba que deixa totalmente de
lado a fé ou qualquer influência daquilo que ele acredite para demonstrar seus
argumentos, ou seja, se Anselmo, negou a importância da Fé ao se utilizar de um argumento através da razão, quem é você para afirmar que Anselmo não via um
conflito entre a Razão e Fé?
E se realmente a Razão e Fé não
estão em conflito, qual o motivo de Anselmo não se utilizar da fé como
argumento principal ou da razão e da fé juntos?
Ele mesmo afirma que o
procedimento dialético é uma questão de inteligência e não fé. Neste requisito
em especifico, ele demonstra de que não é possível conciliar fé e razão.
Meu segundo ponto é que além de
bom filósofo Anselmo era um ótimo psicanalista, assim como muitos outros que
também abordaram o assunto realidade, ideias. O bacana é que eles analisam de
forma bem interessante, mas como disse antes, isso não é mais novidade, e não
prova nada.
Pois posso utilizar os princípios
de Anselmo sobre o que ele considera Ideia contra o próprio principio que ele
utiliza sobre ideias.
Da mesma forma a ideia ou conceito
de deus, surtiriam o mesmo efeito que qualquer outra ideia. A ideia de
existência do Deus bíblico, como Anselmo acreditava, da mesma forma a ideia de
qualquer outro deus, possuem a mesma origem.
Segundo Anselmo ele diz que essa
Ideia deve ser ao menos verifica ou se tem qualquer ligação cm algo superior,
ou seja, Anselmo estava dando os primeiros passos em direção ao inconsciente e
seu funcionamento e nem se deu conta do que estava fazendo, assim como muitos
outros.
Somente dele pedir para ser
verificado aponta que ele não tinha ideia de onde provinha as ideias e sim ele
estava tentando descobrir como as ideias se tornam ideias e como elas são
aceitas através de nosso inconsciente.
Anselmo em uma de suas obras ele
alega:
‘uma definição que alega ter
procurado em vão em outros escritos seus e que, ao final, reza assim: “a
verdade é uma retidão perceptível à mente somente”’
Ele ainda afirma mais que a
verdade provém de :
‘: (i) de enunciados, de (ii)
pensamentos, (iii) de atos da vontade, (iv) dos sentidos e (v) da essência das
coisas’
Se Anselmo estava procurando o que
é a verdade, ele sem querer começou a se esbarrar com o que é a realidade.
Anselmo percebeu que o que
consideramos verdade não estava ligado a um entidade maior, e sim que o que
consideramos verdade estava ligada as coisas ao nosso redor e de como
percebemos a realidade.
O argumento de Anselmo segue-se
abaixo:
(1) Pode-se pensar num ser maior
do que qualquer outro;
(2) Sabemos que a existência na
realidade é maior do que a existência somente na nossa
mente;
(3) Se o ser de (1) existir
somente na nossa mente, não será o maior que se pode pensar;
(4) Portanto o ser pensado maior
que qualquer outro (1) deve existir na realidade;
De fato a primeira premissa se
mantém, pois é possível pensar em um ser maior do que qualquer outro.
A segunda premissa também é
verdadeira, pois nossa mente faz uma cópia da realidade, portanto o que existe
tem maior valor na realidade do mundo a nossa volta do que na realidade ou
simulações que possam vir de pensamentos.
A terceira premissa por mais que
parece também se sustenta, pois de fato é se pensarmos em um ser que possa ser
maior que o outro somente em nossa mente, este não será o maior ser que
possamos pensar, pois sempre poderíamos pensar em um ser que seja maior do que
acabamos de pensar, e poderíamos continuar com este ciclo em direção ao infinito
que nunca chegaríamos ao maior ser que poderíamos pensar.
E então, ele caga na quarta
premissa.
E aqui vai minhas análises:
1.
Nos ensaios de Anselmo sobre a Verdade, ela
parte da Ideia do que seria a verdade.
2.
Nossos pensamentos partem da ideia de que algo
pode ser real ou criado por nossa mente.
3.
Qualquer coisa criada por nossa mente, não
necessariamente está ligada a qualquer forma de realidade ou verdade. Já que em
nossa mente, a verdade é relativa comparada a realidade ou de como percebemos a
realidade.
Em nossa mente podemos distorcer
as Leis físicas do mundo real sem
qualquer problema. Podemos pensar em qualquer ser que possa ser maior que o
outro, mas isso somente pode acontecer se a Ideia de Ser Maior estiver contida
na realidade.
Por exemplo, alguém que vê um
cometa entrando em contato com a Lua e vê uma grande explosão e aceita como
algo vindo de uma ideia preconcebida de Deus, mesmo que está ideia exista
apenas na mente do individuo, isto não torna que o evento aconteceu por meios
sobrenaturais.
Até mesmo se eu pensar em um
meteoro maior que o outro, isso não implica que na realidade exista um meteoro
maior do que eu possa pensar, isso implica, seguindo o mesmo raciono que, nada
do que pensamos ser pode ser algo na realidade.
Em minha opinião é aqui que
Anselmo comete um erro.
Partindo de suas premissas e de
sua análise sobre Deus, assim como muitos hoje, tendem a acreditar que nossos
pensamentos são guiados por deus, Assim como D’souza teísta pensa ser, mas nos
dias atuais descobrimos que Deus não é necessário de forma alguma para que isso
aconteça, se Anselmo se baseava neste tipo de procura, assim como vimos que ele
diz ‘verificar’ como se fosse possível rastrear o pensamento até sua fonte que
segundo Anselmo era Deus, ele teria uma evidencia clara de que Deus existe, mas
hoje está muito bem difundido em Psicologia, Neurociência e NeuroTeologia, que
o inconsciente é o responsável por tudo isso.
O que demonstra o que Anselmo
estava procurando, e depois de muito verificar, a conclusão é simples, Deus não
é necessário para explicar o porque pensamos e agimos como agimos.
Acredito que se Anselmo estivesse
vivo hoje seu argumento ontológico teria sido bem diferente, do que se segue:
‘“Efetivamente nós cremos que Vós
sois um ser maior do que qualquer outro que possamos conceber [...] e portanto
não pode existir somente no entendimento. Com efeito, suponha que ele exista
somente no entendimento; mas entao ele pode ser concebido como existindo tambem
na realidade, que é mais [um ser maior]. [...]. Portanto não há dúvida que
existe um ser que é maior que qualquer outro que possa ser concebido e que
existe tanto no nosso entendimento como na realidade”
“... e ele existe tão certamente
que não pode ser concebido como não existindo. Com efeito, é possivel conceber
um ser que não pode não existir e este ser é maior do que qualquer outro ser
que pode ser concebido como não existente. Portanto se o ser que é maior que
qualquer outro que possamos conceber, puder ser concebido como não existindo,
ele não será o ser que é maior que qualquer outro que possa ser concebio. Mas
isto é uma contradição. Há portanto verdadeiramente um ser que é maior que
qualquer outro que possa ser concebido e que não pode ser concebido como não
existente; e este ser sois Vós, ó Senhor, nosso Deus E realmente, tudo o que
existe, exceto Vós, pode ser concebido como não existindo’
Como eu disse anteriormente, não
existe nada de especial ou novo principalmente em argumentações que por mais
belas que sejam, não se remetem ao que possuímos nos dias atuais. Se Anselmo
descobrisse o inconsciente ele teria uma postura bem diferente.
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