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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Desconversão 2.6 – Final

Desconversão 2.6 – Final

Chris’, disse o professor, ‘você vê como é possível? que tudo isso, que toda a história da religião, toda a história do mundo, toda história do universo, e toda sua vida religiosa, poderiam ter acontecido, sem Deus de fato existir?’

Enquanto eu lia está pergunta, a minha mente passava pelos argumentos que eu havia usado para crer em Deus durante toda a minha vida. Eu sempre assumi a razão pela qual as minhas preces intercessoras, não eram respondidas em uma frequência sobrenatural era porque as preces intervenientes contradizem a onisciência divina. Eu assumi que um Deus onisciente já sabia o que era melhor para mim, então era EU que tinha que ouvi-lo e não o contrário.

Entretanto, eu podia ver como seria possível que as minhas preces intercessoras não serem respondidas porque simplesmente não havia Deus lá para responde-las.  Eu sempre assumi que moralidade era independente de Deus porque de outra forma moralidade seria uma expressão sem sentido, expressando apenas as opiniões de Deus porque se isso fosse verdade, Deus poderia comandar coisas como estupro, assassinato e abuso infantil e elas se tornariam morais.

Eu sempre assumi que nós descobriríamos a moralidade pela razão e experiência porque deus nos deus essa capacidade. Eu assumi que Deus teria feito nossa responsabilidade, usar esses dons para descobrir o que é certo.

Entretanto eu podia ver como era possível que as questões de ética e moralidade que eu aprendi, em minha aula de ética secular, eram independentes do conceito de Deus porque simplesmente não existia um Deus. Eu sempre assumi que a razão que eu não encontrava em devotos cristãos se tornavam ateus mais tarde era porque nenhum verdadeiro cristão que tivesse visto o poder de Deus com seus próprios olhos, jamais poderia ser tornar ateu.

Eu sempre assumi que ateus não eram verdadeiros ex - cristãos ao invés disso era pessoas ignorantes sobre a Bíblia e do que é realmente ser um cristão. Entretanto o professor sabia mais sobre a bíblia do que eu e claramente entendia cada aspecto da minha vida cristã que eu compartilhei com ele. Ele havia sido um cristão devoto, tão confiante da sua própria fé como eu era da minha, até que ele conheceu Ramón Menéndez Pidal. O professor era alguém que claramente tinha sido um cristão verdadeiro, e claramente e completamente entendia o cristianismo e ainda assim, através da pesquisa e investigação, rejeitou o cristianismo.

Então, sem dúvidas, eu via como era possível que a razão de tanta gente ser cristã não é que eles soubessem de que realmente havia um Deus, mas simplesmente porque eles não sabiam das coisas que o professor mostrou.

Eu sempre assumi que as origens da Bíblia não fossem sabidas pela academia, e que não teríamos razão para duvidar, que ela inspirada por Deus. Entretanto através da hipótese Documental, o professor me mostrou que a Academia fez um estudo bem documentado e profundo  nas origens da bíblia, E chegaram a um consenso em quanto dela foi montada usando raciocínio humano.

Entre as evidências que eles encontraram, está um conjunto claro de objetivos políticos, que serviam a propósitos humanos.

Então eu podia ver como era possível, que não houvesse um Deus inspirando eles e que a Bíblia fosse obra apenas do raciocínio humano. Eu vejo como é possível que eles achassem que Deus pudesse ter inspirado eles, quando na realidade eles estivessem subconscientemente projetando as próprias crenças com aquilo que eles percebiam como Deus em suas próprias mentes.

Eu sempre assumi que as minhas experiências pessoais de um relacionamento com Deus, eram evidência irrefutáveis ou percepções de um Deus. Entretanto eu vejo agora como essas experiências poderiam ser explicadas facilmente, como o resultado da minha própria psicologia.

Eu podia ver como era possível que eu estivesse executando uma simulação de Deus em minha própria mente. E de ambos a Bíblia e o conceito de Deus, vieram de ORIGENS humanas, então todos os argumentos lógicos que Schroeder fez em seu livro não se sustentariam. Se essas coisas vieram de humanos, então os argumentos de Schroeder poderiam ser facilmente explicados como coincidências, mesmo que eles não aceitem coincidências ou como o professor disse, poderia ser um raciocínio errado e ele simplesmente poderia estar errado.

Quando eu verifiquei com calma o argumento de Schroeder, pude perceber que ele estava equivocado por uma boa margem considerável da idade real do universo. Então eu podia ver como era possível, como o argumento de tempo de Schroeder, poderia ser plausível sem Deus de fato existir.

Eu podia ver como era possível que a totalidade da criação, existisse sem que Deus de fato existisse. A razão pela qual eu necessitei do livro de Schroeder para me ajudar e me confortar, era porque nenhum dos processos que eu aprendi em aulas de física ou biologia pareciam necessitar de um Deus para funcionar. Então é claro, que eu podia ver como era possível, que eles simplesmente não precisavam.
Então, SIM, eu posso ver.

Eu posso ver como tudo no universo pode ser explicável sem um Deus de fato existir. Eu posso ver como todos os símbolos religiosos e materiais, poderiam se manifestar sem que um Deus exista de fato. Eu podei ver como tudo poderia ser possível, sem um Deus guiando ou controlando qualquer coisa.
‘É tudo o que é necessário’, o professor respondeu.

O que ele quis dizer com isso?

Parecia um erro lógico e óbvio para mim. Só porque é possível que Deus não exista, isso não significaria que Deus de fato não existe! Só porque eu consigo ver como tudo poderia acontecer sem Deus existir de fato, isso não automaticamente significasse que Deus não existia.

Eu sabia que desde o inicio da conversa que é possível que Deus não exista, isso não era novidade para mim. E ainda assim, nos dias seguintes, alguma coisa aconteceu em minha mente.

De alguma maneira caminhando por cada uma das minhas crenças fundamentais e experiências, e especificamente serem possíveis sem que de Fato deus existisse. Isso mudou algo sobre minha perspectiva. De alguma maneira passando por cada detalhe e vendo como eu não precisava de Deus para explicar nenhuma delas, mudou a maneira como eu via as coisas.

O que o professor estava colocando em minha mente era o Conceito da Navalha de Occam.

A Navalha de Occam diz que:

‘Quando confrontando com duas explicações opostas para o mesmo conjunto de evidências, nossas mentes vão naturalmente preferir aqueles que fazem o menor número de pressuposições.

Então se um evento ou processo pode ser explicado sem um elemento superficial, as nossas mentes vão automaticamente cortar aquele elemento, usando a Navalha de Occam.

Por exemplo, se eu ouço um barulho no meu armário, de imediato imagino que tem um animal ali dentro, se movendo. Entretanto se eu abro a porta do armário, eu descubro que uma caixa precariamente próxima da borda da prateleira e que essa caixa está agora no chão, eu provavelmente não pensaria que existe mais um animal ali dentro. Mais ainda, se eu olhasse cuidadosamente no armário com uma lanterna e não achasse o animal ou qualquer evidência de um animal como pelos ou arranhões ou evidência de que uma animal escapou de lá, como um buraco na parede, eu provavelmente pensaria que não há um animal ali. 

Em minha mente eu tenho duas explicações opostas. Uma é que o animal derrubou a caixa do armário causando o barulho e a outra é que a caixa do armário por causa de processos naturais, como uma superfície muito lisa e gravidade ou o fato que a prateleira estava um pouco torta.

Se eu continuar acreditando que um animal causou o barulho, eu vou ter que assumir coisas para as quais eu não tenho qualquer evidência.

Por exemplo, eu teria que assumir coisas como, que o animal tivesse escapado sorrateiramente do armário quando eu o abri, sem que eu o visse.

A explicação que faz menos pressuposições e ainda explica as evidências que eu tenho, levam na direção de que não havia nenhum animal em meu armário. Então a Navalha de Occam seria automaticamente usada pela minha mente, para cortar o animal da explicação, como sendo um elemento extra e desnecessário. Um animal não é necessário para explicar os eventos. Portanto não existe evidências que me motivasse a crer que havia um animal em meu armário. Ainda seria possível que um animal houvesse estado lá, mas eu não tenho razões para me motivar a crer nisso.

E o professor estava sugerindo que o mesmo era verdadeiro em relação a Deus. Tudo o que eu descrevia para o professor, podia ser explicado usando o mundo natural que todos nós sabemos que existe. Algumas pessoas insistem em aceitar a resposta sem uma boa motivação para que essa hipótese existisse. Ainda sim, Deus seria possível existir, mas isso não quer dizer que ele seria a resposta adequada para explicar o mundo a meu redor.

Então qual seria a evidência motivadora que me permitiria adicionar Deus como um elemento extra para a minha explicação?

Qual evidência motivadora eu tinha para dizer que era necessário acreditar em Deus?








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Item Reviewed: Desconversão 2.6 – Final Rating: 5 Reviewed By: Gabriel Orcioli